quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ator fala do Léo de Insensato Coração, grande vilão das nove que já está marcado para morrer

Era de se esperar que a audiência experimentasse momentos de sede de justiça depois de tudo o que o desajustado Léo aprontou em Insensato Coração (Globo), desde que a novela estreou, em fevereiro. O que o ator Gabriel Braga Nunes não esperava era que a redenção viria tão fácil, depois de curto calvário.

"É engraçado, porque já estão dizendo - principalmente as mulheres - que o coitado já sofreu demais, acredita?", surpreende-se o ator, que nos últimos dias só fez gravar no cenário do canil onde a personagem Norma (Glória Pires) lhe espezinha por vingança, feito uma senhora de José de Alencar.

Mas a despeito da torcida dos que esperam que Norma esqueça os anos que passou na cadeia por causa do pilantra e do charme do personagem, o castigo vem a galope - os autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares devem escrever em breve o assassinato que vai movimentar os últimos capítulos da novela.

Ainda na expectativa dos próximos acontecimentos, o ator encontrou a reportagem no sábado para falar do sujeito que o mantém em ritmo de Satisfaction, sua trilha sonora na novela, há seis meses. "Ele não poderia ter tema melhor."

O Léo entra na conta da insensatez da novela?

Na primeira conversa com o Gilberto (Braga, autor), ele me disse "psicopata". E quando se fala de psicopata, é difícil falar de insensatez. Psicologicamente, ele é perigoso, porque é imprevisível. Mas, nesse aspecto, é um personagem livre para o ator. E ele nunca deixa de ser cativante. Volta e meia eu me iludo.

Quando, por exemplo?

Estou sentindo uma coisa tão legal de contracenar com a Glória (Pires), que eu penso "que pena que vai acabar". Dá vontade que eles se encontrem nas semelhanças, e fiquem juntos. Mas eles têm uma diferença fundamental: ela tem caráter. Quando ela pratica o mal, sabe o que está fazendo. O Léo, não - ele é capaz das viradas mais incríveis sem nenhuma ética.

A falta de questionamento dele não é ruim para o ator?

Cara, não acho... É uma liberdade infinita, utópica até. Não sei se a gente consegue ter esse descompromisso, mas o psicopata consegue.

Se ele já carrega uma tragédia, então a inveja do irmão (Pedro/ Eriberto Leão) seria uma conversa fiada, não? Ele não é um Caim.

É, há uma contradição aí, entre psicopatia e psicanálise. Em vários aspectos ele é um psicopata, mas ao mesmo tempo tem questões psicanalíticas fortes. A relação com a mãe, por exemplo .. Ele é um cara que sai com prostitutas, se relaciona com as demais mulheres por interesse, e ama só a mãe.

E agora, já na reta final da novela, dá pra dimensionar o que ele representa em sua carreira?

Não penso nisso. O que significa pra mim é que ele é um personagem estimulante. Poucas vezes numa novela eu recebi cada bloco de capítulos com um interesse renovado. Não tive comodidade. Ele é o Mefisto da trama, que entra para movimentar a história.

As atitudes dele tomam seu pensamento fora do set?

Ele acompanha meu dia a dia, mas não porque eu fique articulando Confio nos autores, e acho legal aprender com o personagem. É uma das coisas mais estimulantes da profissão.

Aprender para a profissão ou para a vida?

Para a vida. Ser ator é estudar comportamento. Quando escolhi a profissão, tinha uma sensação de que a vida do ator era mais elástica, que ele experimenta mais. Por isso o livro da Fernanda Montenegro chama Viagem ao Outro. É você se pôr no lugar do outro, e isso dá para os atores uma humildade. Engraçado isso, numa profissão que lida em tantos aspectos com a vaidade e o ego

O Léo nunca caiu no humor, que é um componente frequente em vilões de novela. Por quê?

Nunca fiz comédia, nem no teatro. Mas quando uma situação traz um componente de humor, acho bom você não fazer graça. Uma coisa que me incomoda aqui no Brasil é uma tendência dos atores a sublinhar certas coisas, como se estivessem ensinando uma criança. Acho meio careta.

Fonte: Estadão

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#Pronto Morri


- Léo (Gabriel Braga Nunes), Novela Insesato Coração