(Gabriel Braga Nunes e Paola Oliveira, na vinheta de fim de ano da Rede Globo, junto com o redator. Fonte do blog)
— Eu só tinha vindo para Salvador me apresentar com o teatro e, mesmo assim, fiquei três dias. Agora estou conhecendo de verdade— assume Marcelo, enquanto come uma cocada acompanhada de café. Os dois passaram quase um mês em Salvador gravando a microssérie de quatro capítulos da Globo. Com estreia prevista para janeiro, a produção é baseada no livro homônimo de Nelson Motta e escrita por George Moura, Patrícia Andrade e Sérgio Goldenberg.
— Fazia tempo que eu não vinha para cá. Para você ter ideia, neste ano eu só vim cinco vezes! — brinca Gabriel, também comendo uma cocada: — Eu venho mais no carnaval. Se bem que eu me lembro de poucas coisas — continua, às gargalhadas.
Filho do diretor de teatro Celso Nunes, morador de Salvador há três anos, Gabriel aparenta ser quase um local. Vibra ao contar ter gravado no topo do Edifício Oceania, conhecido prédio da orla da cidade, em frente ao Farol da Barra. E diz que aproveitou a passagem pelo Elevador Lacerda para tomar um sorvete da tradicional A Cubana.
— O meu pai me alertou para o fato mais marcante desta cidade: o baiano é o povo que tem a maior capacidade de sorrir. Em São Paulo as pessoas não têm essa capacidade como aqui. Eu gosto muito dessa levada, dessa alegria. É mais fácil fazer amizade em Salvador — compara Gabriel.
O ator se apropria dos versos de Dorival Caymmi — “A Bahia tem um jeito”, da canção “Você já foi à Bahia?” — para descrever sua ligação com Salvador, uma cidade que, segundo ele, “oferece um contraste fabuloso”. Assim como seu personagem na microssérie, o produtor musical Paulinho de Jesus, Gabriel é um cara vindo de fora, mas já acostumado ao universo da Salvador contemporânea.
— “Eu sou neguinha”— apela, fazendo todos que estão na sala caírem no riso ao citar outro verso, agora da música de Caetano Veloso. Na microssérie dirigida por José Luiz Villamarim, que emendou o trabalho atual com “Avenida Brasil”, o personagem de Gabriel é o grande descobridor da cantora de axé Sereia (Isis Valverde). — Gabriel tem essa pegada do maldito romântico — define Villamarim, relacionando personagem e ator.
Na trama, Paulinho conta com a ajuda do marqueteiro Tuta Tavares (papel de Marcelo), que também trabalha com o governador (Marcos Caruso), na construção da carreira dessa nova diva pop. — O Paulinho é o cara que tem a ideia de transformar aquela cantora de barzinho em um ícone pop.
Neste processo, os dois vivem uma tórrida história de amor — adianta Gabriel, usando três brincos de argola na orelha esquerda (o acessório foi emprestado pelo próprio ator ao personagem). O envolvimento amoroso entre o produtor musical e a cantora termina pouco antes do assassinato da jovem, que morre no auge, em cima do trio elétrico, numa terça-feira de carnaval.
Num primeiro momento, Paulinho se torna o grande suspeito. Mas todos os personagens tem razões para assassinar Sereia. E Tuta Tavares faz parte da lista. — Eu havia lido o livro do Nelson na época do lançamento, mas reli agora. Eu não conhecia o universo dos cantores de axé nem o que move essa indústria — assume Marcelo.
Longe da TV desde “Passione” (2010), e atualmente em cartaz com a peça “Eu era tudo pra ela e ela me deixou”, Marcelo chegou a gravar a segunda temporada de “Junto & misturado”, com Bruno Mazzeo, no ano passado. Mas o programa foi cancelado. O fato de não estar tão presente no vídeo quanto gostaria, afirma, tem a ver com a dificuldade de conciliar todas as suas funções.
— Tenho feito muito teatro, mas cresci vendo TV. Eu sempre quis ser ator para fazer isso — afirma Marcelo. — É bobagem ator renegar a TV. Tem gente até de Cabo Verde que vem falar comigo por conta dos personagens que fiz em novelas — destaca o ator.
Gabriel se mostra surpreso ao saber que o colega se interessou pela profissão em função da TV. Filho da atriz Regina Braga, ele também diz não ter preconceitos em relação ao veículo — e se mostra entusiasmado ao falar do formato de “O canto da Sereia”, rodado numa levada parecida com a do cinema:
— É uma outra pegada. São três meses de trabalho para fazer apenas quatro episódios. Nos bastidores da produção, Marcelo ficou impressionado com o assédio sofrido pelos colegas recém-saídos de “Avenida Brasil”. Além de Isis, Marcos Caruso, Camila Morgado e Fabiula Nascimento estão no elenco da microssérie.
— Saí com o Caruso e as pessoas gritavam “Leleco, Leleco”. Camila mudou o visual, mas eu apontava para ela e dizia: “Tá aqui a mulher do Cadinho” — entrega Marcelo. Para os atores, os personagens da microssérie, um suspense com forte tintas policiais, são todos multifacetados. Ninguém é mocinho ou vilão.
— Definitely not! (definitivamente não)— emenda Gabriel, assim mesmo, em inglês, reforçando que todos os tipos têm diferentes lados.
Na passagem por Salvador — os atores agora gravam cenas em estúdio no Rio até meados de dezembro —, todos eles circularam bastante. E frequentaram até mesmo terreiros de candomblé para entender a ligação dos personagens com esse universo. As únicas duas semanas de folga de Gabriel entre o novo trabalho e a novela “Amor eterno amor” não foram encaradas como um problema.
— Fiz sete novelas em sete anos, mas estou satisfeito com os trabalhos que tenho realizado — afirma ele, já com os botões da camisa aberta. O ator não queria perder tempo. Com a entrevista encerrada, corre para a piscina do hotel a tempo de assistir (e fotografar) o pôr-do-sol.
Fonte: Boa Informação
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