Quando revê sua trajetória, Gabriel Braga Nunes sabe que teve alguns momentos excelentes e decisivos. Na televisão, pode citar Anjo Mau, em 1997, quando teve o primeiro papel de destaque na Globo, e Cidadão Brasileiro, em 2006, na Record, que lhe deu o posto de protagonista. E, em escala crescente, o sucesso do personagem Léo de Insensato Coração, no ano passado.
O vilão de Gilberto Braga levou Gabriel de volta à Globo, e seu desempenho o conduziu a um patamar de estrela na emissora líder. Foi suficiente para que ele assinasse pela primeira vez um contrato longo, de quatro anos, e voltasse à TV apenas quatro meses depois, como o protagonista de Amor Eterno Amor, que estreia segunda-feira.
Na novela das 18h assinada por Elizabeth Jhin (de Escrito nas Estrelas, 2010), ele é um herói rural, “barbudo e queimado de sol”, que vive no Pará até se descobrir filho perdido de uma milionária.
Em um intervalo das gravações de cenas externas, invariavelmente sob sol a pino, o ator falou com o blog sobre o bom momento da carreira e o novo personagem: “Ele é um homem em busca da sua própria história. Tem algo de Hamlet”.
O Carlos parece bastante diferente de você. No que essa diferença pode contribuir para o trabalho do ator?
Olha, não sei… A cada novo papel, o que o ator faz é buscar conexões entre o que há no personagem e o que há nele. Neste sentido, muitas vezes o intérprete expande o personagem e o personagem expande o intérprete. Acho que apesar da diferença, dá para encontrar conexões muito fortes do Carlos comigo – um homem assertivo, de poucas palavras, introspectivo. Enxergo isso em mim e não me soa completamente estranho.
O que fez você aceitar o papel?
Li a sinopse de outubro, e fiquei muito interessado porque o contraste entre o Léo de Insensato Coração e o Carlos é estimulante. O Papinha (o diretor-geral Rogério Gomes) sempre me interessou e nunca tinha trabalhado com ele. Naquele momento, o elenco já tinha a Andrea Horta, e eu gosto demais dela. Foram esses os ingredientes, apesar de não ter tido tanto intervalo entre as duas novelas quanto eu gostaria. Mas não também não dá pra reclamar de quatro meses de férias, então está tudo certo.
Léo é tido como o melhor personagem de Insensato Coração, coisa que costuma acontecer com os vilões. É mais difícil conquistar sendo mocinho?Acho que existem bons personagens e os não tão bons. O Léo era um grande personagem. Está muito no começo, mas acredito que o Carlos também seja. A qualidade do personagem é mais determinante de sucesso do que se ele é vilão ou herói. Outra coisa é que o Léo era um vilão do Gilberto Braga, que tem um histórico de vilões muito marcantes.
Aquele trabalho fez com que você fosse visto de maneira diferente pela Globo?
Na minha carreira, eu tive alguns grandes momentos, e Insensato Coração com certeza foi um deles. Na relação com a empresa, sim, pela primeira vez cheguei a um lugar interessante para um contrato por um tempo longo.
E o amor eterno de que fala o título da novela, é algo que você acha possível na vida real?Ah, um amor de infância… É um lugar muito forte! Tenho alguns amores de infância – não um, mas uns três ou quatro. Esses amores da infância e da adolescência habitam um lugar imaculado na nossa história de vida. É um gancho bonito dessa novela.
Você já me falou sobre ser bastante urbano, mas parece à vontade nas cenas na Ilha de Marajó.Marajó foi muito especial. Sabe quando passa pela cabeça que a vida em São Paulo não faz sentido? Faço questão de não ter preparação antes de uma novela, e in loco você tem dados mais objetivos. É determinante estar em Marajó, mais do que qualquer coisa que eu estude no meu apartamento em Higienópolis. Não tenho mesmo intimidade com aquele meio, mas decidi ter quando cheguei lá e não ser um Gabriel de Higienópolis. Fiquei muito satisfeito quando vi as imagens, acho que estava integrado.
Fonte: Veja
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